Meta é restaurar 15 milhões de hectares de vegetação nativa até 2050
O Pacto pela Restauração da Mata Atlântica completa hoje 13 anos de mobilização e capacitação para a recuperação do bioma mais ameaçado do país. Lançado em 2009 por um grupo de organizações socioambientais, centros de pesquisa, empresas e órgãos de governo, o movimento tornou-se uma referência em articulação multissetorial para alavancar a restauração de ecossistemas críticos para a biodiversidade e a economia brasileira.
Desde então, o PACTO tem estimulado o aprimoramento do conhecimento sobre métodos e técnicas de restauração, facilitando a implantação de projetos de mais de 300 organizações signatárias que buscam alcançar a meta de restauração de 15 milhões de hectares, até 2050. Na área, equivalente a três vezes o território do estado do Rio de Janeiro, é priorizada a recuperação da vegetação nativa em regiões com baixa aptidão agrícola, margens de rios, nascentes e encostas. Restabelecidos, esses locais podem oferecer serviços ambientais essenciais e cada vez mais inconstantes, como a provisão de água, a conservação do solo e a polinização de culturas agrícolas, por exemplo.
“Nestes 13 anos, o PACTO se tornou referência na articulação e integração dos diferentes atores sociais e no fortalecimento de suas ações para promover a restauração ecológica”, diz Ludmila Pugliese, coordenadora Nacional do movimento. “Nosso desafio é ampliar a escala e a qualidade das ações de restauração nos próximos anos, para que o Brasil possa cumprir os compromissos assumidos no Acordo de Paris perante a comunidade internacional no combate às mudanças climáticas”, completa.
Segundo a nova edição do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado no início desta semana, a restauração de ecossistemas é uma das medidas com maior potencial para retirada de gases de efeito estufa da atmosfera, entre os esforços internacionais para limitar o aquecimento global a 1,5º C, até o fim do século. Frente ao Acordo de Paris, o Brasil se comprometeu com a restauração de 12 milhões de hectares de paisagens nativas, até 2030, em todos os biomas, principalmente na Mata Atlântica.
Em um dos estudos mais recentes, foram identificados, por sensoriamento remoto, 740 mil hectares de áreas em processo de regeneração natural da vegetação nativa no bioma. Ao todo, estima-se que já tenha ocorrido a recuperação de pelo menos 1 milhão de hectares, até 2020.
Articulação e conhecimento
Atualmente, a estratégia definida pelo Conselho de Coordenação do PACTO prioriza a atuação em três linhas principais: Territórios Certificados, Comunicação e Capacitação e Monitoramento Multidimensional. O movimento também conta com 16 unidades regionais que atuam no diagnóstico da cadeia da restauração, auxiliando na identificação dos cenários e dos atores locais, incluindo viveiros de mudas nativas, grupos coletores de sementes, organizações e empresas de manutenção e monitoramento das iniciativas em campo.
A abordagem prevê ainda a identificação de áreas estratégicas para articulação de esforços, geração de oportunidades e de resultados significativos em restauração ecológica, em territórios prioritários. Na linha de comunicação, a produção de conteúdo para redes sociais, elaboração de publicações e materiais didáticos, como a série de fascículos Saberes da Restauração e o podcast Tom da Mata, são formas de promover boas práticas e participação da sociedade na Década das Nações Unidas da Restauração Ecológica (2021-2030).
Ao mesmo tempo, para garantir o monitoramento do progresso das ações, o movimento aplica técnicas de campo e de sensoriamento remoto para acompanhar o processo de restauração ecológica em áreas mapeadas. O incentivo à cadeia da restauração também se dá por meio de ferramentas como a plataforma Vitrine da Restauração, desenvolvida em parceria com outros agentes do setor, que permitiu o mapeamento e integração de diferentes elos da cadeia, desde 2020. A iniciativa ajuda a dimensionar a importância do setor para a geração de trabalho e renda para diversos segmentos da sociedade.
Veja a relação completa de organizações-membro do Conselho de Coordenação do PACTO no biênio 2021-2022: Empresas – Dapweb, DNA Florestal, Eco Ocelot, Florestal Maarin, KAWA Estratégias Sustentáveis, Mineral Engenharia e Meio Ambiente Ltda, Suzano e Verdesa; Governos – Instituto Água e Terra – IAT (PR), Prefeitura Municipal de Engº Paulo de Frontin (RJ) e Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SIMA (SP); Centros de Pesquisa – Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ – ESALQ/USP e Universidade Federal do ABC – UFABC; Organizações não-governamentais – Associação Ambientalista Copaíba, Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste – Cepan, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Internacional para a Sustentabilidade – IIS, Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ, Instituto Socioambiental – ISA, Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais, The Nature Conservancy Brasil, WRI Brasil e WWF-Brasil; e Associações e colegiados – Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA, Rede de ONGs da Mata Atlântica – RMA e Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica – SOBRE.
Para saber como se tornar signatário do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, acesse pactomataatlantica.org.br/participe