A sociedade civil organizada, por meio das redes, coletivos e instituições que integram a ampla comunidade da restauração ecológica no Brasil, vem reiterar a importância de que o país apresente, durante a COP30, em Belém (PA), uma estimativa consolidada do alcance da meta nacional de recuperar 12 milhões de hectares de áreas degradadas.
Essa informação é essencial para o transparente acompanhamento das metas públicas, o reconhecimento dos esforços da sociedade civil e demais setores da sociedade, e para comunicar ao Brasil e ao mundo o protagonismo nacional em uma agenda que alia clima, biodiversidade e desenvolvimento socioeconômico.
Destacamos que:
• O Brasil é referência global na governança multissetorial da restauração. Os seis biomas brasileiros contam com coletivos biomáticos consolidados — Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Aliança pela Restauração na Amazônia, ARATICUM (Cerrado), ReCaa (Caatinga), Rede Sul de Restauração Ecológica (Pampa) e Pacto pela Restauração do Pantanal —, que articulam centenas de organizações e impulsionam ações em larga escala. Soma-se a isso a atuação de redes temáticas nacionais como o Redário (sementes), a Associação Nativas (viveiros), a Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica – SOBRE e a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que participam ativamente da Comissão Nacional para Recuperação da Vegetação Nativa (CONAVEG) e de outras instâncias de governança do PLANAVEG.
• O Brasil possui um sistema de governança e de reporte das áreas em restauração, que consolida informações dos biomas por meio dos coletivos biomáticos e as integra ao Observatório da Restauração (OR), iniciativa da Coalizão Brasil. O OR, por sua vez, é uma das principais fontes de informação que subsidiará o futuro Sistema Nacional de Monitoramento e Reporte da Restauração, atualmente em desenvolvimento pela CONAVEG, em parceria com sua Câmara Consultiva Temática (CCT) de Inteligência Espacial e Monitoramento. O Observatório também alimenta plataformas globais como o FERM (Framework for Ecosystem Restoration Monitoring), da Década da Restauração de Ecossistemas da ONU, reunindo atualmente mais de 157 mil hectares em restauração reportados.
• A CONAVEG, por meio da CCT de Inteligência Espacial e Monitoramento, vem realizando um esforço técnico rigoroso de validação, consolidação e integração dos dados nacionais de restauração, de forma a construir uma base territorial confiável e transparente, que permita acompanhar a evolução das metas, orientar políticas públicas e dar visibilidade aos esforços da sociedade brasileira.
• Estima-se que mais de 600 organizações atuem hoje diretamente na agenda de restauração ecológica no Brasil, desde comunidades locais e cooperativas até instituições de pesquisa, governos estaduais e empresas privadas.
• O cumprimento da meta de 12 milhões de hectares tem o potencial de gerar até 2,5 milhões de empregos verdes, contribuindo para uma economia da restauração que impulsiona o desenvolvimento local, a inclusão produtiva e o combate às mudanças climáticas.
• Estamos no meio da Década da Restauração de Ecossistemas (2021– 2030) — um marco global que reforça a necessidade de mostrar o que já foi feito, os aprendizados acumulados e os caminhos para escalar resultados até 2030.
• As iniciativas de restauração no Brasil já são reconhecidas internacionalmente: a Mata Atlântica é referência da Década da Restauração, a Re.green recebeu o Earthshot Prize, e inúmeros pesquisadores, organizações e redes têm sido premiados por suas contribuições científicas e práticas à agenda da restauração ecológica global.
Reforçamos que reportar e comunicar as áreas em restauração é fundamental para:
I. acompanhar o progresso das metas e compromissos de restauração ecológica;
II. consolidar a credibilidade do país perante a comunidade internacional;
e III. reconhecer o esforço coletivo de centenas de organizações, produtores, povos e comunidades tradicionais que vêm recuperando áreas degradadas em todos os biomas brasileiros.
Desta forma, acreditamos que, além do controle do desmatamento, a restauração ecológica é uma ferramenta fundamental para o enfrentamento às mudanças climáticas, como já reconhecida no Plano Clima e nas demais estratégias do Governo Federal.
Por isso, a sociedade civil brasileira sugere que o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima apresente, durante a COP30, uma estimativa consolidada — ainda que parcial — do avanço na meta de 12 milhões de hectares, reconhecendo o papel das diversas iniciativas e redes que, juntas, têm construído uma política pública de restauração ecológica com base em ciência, inclusão e cooperação. Belém do Pará, novembro de 2025 As redes, coletivos e organizações da restauração ecológica do Brasil
Assinam essa carta:
• Aliança pela Restauração na Amazônia;
• Araticum;
• Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura;
• Pacto pela Restauração da Mata Atlântica;
• Pacto pela Restauração do Pantanal;
• ReCaa;
• Rede Sul de Restauração Ecológica;
• Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica.