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Mulheres de ImPACTO – Letícia Couto Garcia

“Decidi trabalhar na área, pois para mim, além de ser uma ciência aplicada, o que me fascina, é que ela lida com o otimismo e a esperança de melhorar e reverter o quadro da degradação.”

Letícia Couto Garcia, é professora adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde atua na área de Ecologia da Restauração. Seu primeiro contato nesta área foi como voluntária em um projeto de restauração no rio São Francisco em Minas Gerais, projeto este que entrou para o Guinness book, sendo coordenado por outra mulher, também inspiradora, Marília Queiroz.

Trabalha em projetos na Mata Atlântica, e mais recentemente no Cerrado e Pantanal. Com foco tanto em questões mais macro, como políticas públicas, legislação ambiental e análises na escala da paisagem, quanto em questões mais especificas como monitoramento, manejo adaptativo e implantação de novas técnicas de restauração, Letícia enxerga nessa área a possibilidade de aplicação do conhecimento cientifico como subsídio a tomada de decisão.

A pesquisadora explica os motivos que a levaram a trabalhar com restauração: “Decidi trabalhar na área, pois para mim, além de ser uma ciência aplicada, o que me fascina, é que ela lida com o otimismo e a esperança de melhorar e reverter o quadro da degradação.”

Apesar de todo seu entusiasmo e dedicação – ela conta que chegou a trabalhar três períodos por dia – Letícia considera que ainda existem algumas dificuldades condicionadas a gênero no estabelecimento das mulheres na carreira acadêmica, principalmente quando pensamos no período da maternidade.

Veja abaixo as considerações da pesquisadora para as questões de restauração e diversidade:

PACTO: Durante sua vida profissional você encontrou alguma barreira ou oportunidade condicionada a gênero?

Letícia: De certa forma sim, em fases como a gestação, puerpério e amamentação, as mulheres ficam restritas nas suas atividades profissionais e muita gente não entende isso, infelizmente. Acredito que a questão da maternidade estar próxima da fase do auge da dedicação à carreira é um tradeoff que acaba pesando para muitas mulheres, enquanto os homens conseguem conciliar melhor a paternidade e a dedicação ao trabalho. Devido a isso, tive que ter alguns períodos de pausa para dedicação integral aos filhos, somente a mãe pode exercer alguns papeis, enquanto o homem pode desenvolver outras atividades nesses períodos. Com certeza isso influencia em períodos que abrimos mão de algumas oportunidades de trabalho.

PACTO: Você acredita que existe igualdade de oportunidades para mulher e homens na área ambiental especialmente na agenda da restauração?

Letícia: A questão do gênero sempre me incomodou. Presto sempre atenção no desbalanço da proporção entre homens e mulheres desde as autorias nas publicações, aos workshops, palestras e reuniões que vejo e que participo. Nas publicações que trabalhei, praticamente todas têm um número expressivo de parcerias masculinas. Infelizmente, não consigo entender bem o que acontece durante esse processo, são poucas mulheres nessa área e sempre conto quantos são os autores homens e quão poucas são as mulheres, isso daria até para fazer um estudo bibliométrico a respeito.

PACTO: O que podemos fazer para mudar essa realidade?

Letícia: Dar oportunidades iguais a ambos os gêneros. Ultimamente tenho tido oportunidade de orientar mais mulheres, e as incentivo bastante para engrossarem o caldo nessa área no futuro. Tento participar e recepcionar ao máximo os convites e oportunidades que aparecem para mim, mesmo tendo às vezes impedimentos relacionados ao gênero, por conta de ser mãe de dois meninos que demandam muita dedicação também. Tenho feito novas parcerias com mulheres que gosto de trabalhar e que têm boas vibrações. Acho que, de forma geral, todos temos que prestar mais atenção nisso, com um bom senso crítico a respeito para mudar este quadro.

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