Oficina sobre o Protocolo de Monitoramento do Pacto
Maio/2016 - Piracicaba - SP
A 3ª Oficina sobre o Protocolo de Monitoramento do Pacto foi realizada nos dias 9 e 10 de maio na ESALQ/USP em Piracicaba. O objetivo desta reunião foi repensar o programa de monitoramento do Pacto, através de uma de suas principais ferramentas, o Protocolo. Nesta ocasião foram apresentados exemplos de projetos de monitoramento que estão sendo conduzidos pelos parceiros para subsidiar as discussões.
Neste sentido as apresentações das empresas de papel e celulose, Suzano e Fibria, em parceria com ONGs e empresas de consultoria ambiental foram bastante interessantes pois refletiram, de maneira clara, todo o esforço e recurso despendido para a realização do monitoramento. Por outro lado, as apresentações realizadas pelos órgãos de governo mostraram a complexidade da gestão desses projetos, e a simplificação ou adaptação do modelo visando a operacionalização ou atendimento das necessidades de cada uma das instituições.
Sobre o princípio socioeconômico, verificou-se que poucos exemplos abordam essas questões, como é o caso do Espírito Santo. Foi então sugerida a revisão do tema, com a inclusão de um olhar sensível a gênero, com o apoio da IUCN.
Foi apresentado também a estrutura do novo sistema webgis do Pacto e as futuras etapas de desenvolvimento e integração que serão realizados com apoio da empresa Imagem. A TNC complementou a parte de gestão e inteligência espacial apresentando o modelo de um aplicativo que será instalado em um coletor para facilitar e simplificar a coleta de dados no campo.
Na sequência das apresentações, foram realizadas discussões em grupos de trabalho sobre o princípio ecológico e as conclusões posteriormente apresentadas em plenária. O intuito dessas discussões foi o avanço sobre algumas questões relevantes ao protocolo. Abaixo as perguntas norteadoras para os grupos:
Princípio Ecológico:
Questão 1: Quais as cinco principais limitações atuais do protocolo do Pacto? Considere os vários aspectos (custos, dificuldades operacionais, indicadores pouco relevantes, etc.) que possam influenciar a tomada de decisão por seguir ou não o protocolo no monitoramento de projetos de restauração.
Questão 2: Apresente cinco mudanças relevantes que fariam no protocolo para que ele se torne mais efetivo em termos técnicos, práticos e econômicos.
Questão 3: Se o critério ecológico fosse reduzido a apenas cinco indicadores, quais o grupo recomendaria?
A compilação das respostas dos grupos indica que os seguintes pontos devem ser considerados na revisão do protocolo:
– Redução de indicadores:
- Cobertura de copa;
- Densidade de indivíduos regenerantes;
- Riqueza de espécies regenerantes;
– Simplificação da linguagem do Protocolo;
– Estudar métodos/formas de amostragem;
– Versão de Protocolo mais simples constando apenas com o essencial (duas folhas);
– Demais informações (tomada de decisão) em documentos acessórios.
Princípio Socioeconômico:
Com relação ao princípio socioeconômico, o GT Técnico-Científico apresentou uma primeira proposta em plenária, seguindo a orientação de simplificação. Foram então realizadas rodadas de debates, críticas e complementações ao primeiro modelo. Por fim, foram incorporadas as sugestões e consolidado o modelo final do grupo considerando os seguintes indicadores:
– Perspectiva de aproveitamento econômico
– Número de postos de trabalho por gênero (H e M)
– Valor Investido (porcentagem destinada a mão de obra; insumos e máquinas; impostos e lucro)
– Incremento de renda do(a) produtor (a)
Desta forma, foram definidas nesta oficina as linhas de base para iniciar a revisão do protocolo de monitoramento do Pacto, que é uma das ferramentas de um Programa de acompanhamento e evolução do Movimento.
Ao final da oficina foi determinado que o trabalho de revisão será liderado pelo GT Técnico- científico, sob a supervisão do Prof. Pedro Brancalion, LASTROP/ESALQ. Estão previstas além de reuniões técnicas, a implantação de unidades experimentais para aplicação do modelo ecológico em parceria com os Prof. Ricardo Rodrigues – LERF/ESALQ e Ricardo Viani LASPPEF/UFSCar.
O mesmo esforço será realizado para a componente Socioeconômico, que contará com o apoio do GT Econômico, liderado por Rubens Benini, TNC. Para esse componente necessitaremos do apoio dos parceiros para a implantação das unidades experimentais.
Os resultados da oficina indicam a necessidade de mudanças no Protocolo para que ele seja aplicável e replicável de maneira mais simples, barata e eficiente em termos amostrais e estatísticos. Esta versão mais concisa, entretanto, não tem o objetivo de substituir a anterior. Acreditamos que a primeira versão do Protocolo deverá ser mantida e utilizada no apoio a tomada de decisão e para fins mais específicos.
Os desdobramentos dessa oficina vão além da simplificação da estrutura do protocolo. A oficina foi vista pelos participantes como uma forma de abrir o movimento para a participação de membros e demais interessados na restauração da Mata Atlântica. Possibilitou a troca de informações e o conhecimento do que vem sendo feito pelo Pacto e alguns dos seus parceiros. Foi também um passo importante para a retomada dos trabalhos do GT.
Entendemos que esses movimentos de inclusão e foco nas ações dos GTs e Unidades Regionais do Pacto serão fundamentais para atingirmos o ganho de escala que almejamos para o movimento.